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ALEX TESTONI CRIOU ASSESSORIA MILITAR PARA GARANTIR IMPUNIDADE DE SUA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA, DIZ MP; “CAPANGAS” DESCOBRIRAM INVESTIGAÇÃO

Quinta-feira, 18 Dezembro de 2014 - 09:47 | RONDONIAGORA


ALEX TESTONI CRIOU ASSESSORIA MILITAR PARA GARANTIR IMPUNIDADE DE SUA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA, DIZ MP; “CAPANGAS” DESCOBRIRAM INVESTIGAÇÃO

Apontado como chefe de uma organização criminosa radicada em Ouro Preto do Oeste, o prefeito afastado Alex Textoni (PSD) mandava na cidade como um imperador. Quem não gostasse de suas ações era ameaçado e a pouca oposição local era tratada com rigores de um braço armado. A seu mando por exemplo, pessoas foram presas durante a campanha eleitoral. As afirmações fazem parte do relatório de 236 páginas, em que cinco promotores do Centro de Atividades Extrajudiciais (CAEX) do Ministério Público de Rondônia detalharam, no último dia 17 de novembro, como funcionava o esquema encerrado com a Operação Ludus, que o levou para cadeia. Os relatos, com fartas provas, revelaram não somente um fácil esquema montado para se ganhar uma licitação de R$ 22 milhões (Novo Espaço Alternativo), mas também um alto jogo que envolve poder, muito dinheiro e mulheres.



A cidade de Ouro Preto do Oeste, segundo explicaram os promotores responsáveis pelas investigações, era o centro da operação criminosa e o prefeito Alex Textoni o mentor de todo o esquema. Contava com o apoio de uma estrutura poderosa de segurança criada por ele com um fim, mas utilizada na realidade para garantir a impunidade. Os policiais militares por exemplo, eram utilizados para realizar grandes saques em bancos locais (o monitoramento flagrou em um mês dois saques, um de R$ 88 mil em 14 de outubro e outro de R$ 240 mil), levar mulheres para um filho do prefeito, prender inimigos e atuar em contrainteligência para identificar possíveis investigações oficiais em andamento. A certeza da impunidade era tanta que nas vésperas do segundo turno das eleições, os “capangas” de Alex Testoni prenderam pessoas e revistaram casas a mando do prefeito, que fazia uma busca incansável por edições do jornal Rondoniagora, que publicou detalhes da delação premiada do ex-secretário José Batista, atingindo em cheio o aliado maior do prefeito, o governador Confúcio Moura.

Mentor do esquema, segundo o Ministério Público apurou, Alex Testoni (chamado gentilmente de JUAN) dava ordens a todos, mandava em empresários e era o dono da cidade.

As provas foram tantas que o desembargador Oudivanil de Marins determinou o fim da Assessoria Militar de Ouro Preto do Oeste e que seus membros, Capitão Áureo César da Silva, Sub Tenente Paulo Sérgio da Silva, Cabo José Aguinaldo Medeiros e o soldado Marcos Dias de Oliveira fossem imediatamente presos e suas armas confiscadas pelo Comando da PM.

Os capangas

De acordo com o Ministério Público, Alex Testoni criou uma Assessoria Militar de aparência. Na verdade era o braço armado de sua gangue. “Constituiu na aparência uma Assessoria Militar da Prefeitura, a pretexto de cuidar dos assuntos de defesa e proteção institucional, porém de fato, encarregada de defender seus interesses privados e da organização criminosa por ele liderada, atuando os referidos policiais como seus verdadeiros seguranças ‘capangas’ e agentes de contrainteligência privada”.



Nos relatos minuciosos dos membros do Ministério Público todas as ilegalidades cometidas por Alex Testoni só eram possíveis graças a seus capangas militares. “Esses policiais constituem na prática o verdadeiro braço armado, serviço de segurança, escolta dos membros, transporte de valores e contrainteligência da associação criminosa liderada por Juan”.

Entre os “serviços” oficiais desses militares destacam-se a escolta de altas somas de valores, que segundo o Ministério Público eram os ganhos do bando. No caso aparece o filho do prefeito, ALEX TESTONI (mais conhecido como "Ninho"), outro que mandava e desmandava em Ouro Preto, utilizava a PM local para várias atividades como por exemplo, buscar mulheres para suas festinhas privadas, como uma ocorrida em 23 de agosto desse ano. Os próprios acusados de formarem a organização criminosa tratavam os militares como capangas. O MP citou em seu relatório dois casos e um deles aparece “Ninho”.

Prisões

No final de outubro desse ano, o Jornal Rondoniagora circulou em todo o Estado narrando detalhes da delação premiada do ex-secretário José Batista. Em Ouro Preto do Oeste, Alex Testoni era coordenador da campanha a reeleição de Confúcio Moura. O MP tem provas de que o prefeito utilizou seus capangas para prender pessoas e determinar apreensão do jornal e invasão de residências na busca das edições do Rondoniagora. “Ele deveria impor respeito e ordem na cidade que o elegeu para administra-la, no entanto utiliza os servidores públicos para atacar e prender aqueles que se opõe aos seus desejos políticos. Na verdade agem como donos da cidade, num verdadeiro feudo instalado em Ouro Preto do Oeste sob o julgo dos Testoni e seus capangas”, afirma o MP citando a quadrilha.

Conversas sobre a apreensão do Jornal foram gravadas pelo MP, tudo com autorização judicial. Num desses telefonemas ele conversa com uma mulher identificada como Jaqueline e diz que está resolvendo um problema político. Na conversa ouve-se claramente ele determinar a um dos policiais que seguisse uma pessoa que estava com uma mochila nas costas e que possivelmente teria exemplares do jornal. Minutos depois conversa com a esposa Leidiane, diz que estava passando na praça do Banco do Brasil e que haviam pessoas distribuindo o jornal. Alex fala que foi até outro bairro e prendeu a assessora da ex-deputada Rosária Helena e mais duas formiguinhas em outros pontos.

A companheira de Alex Testoni, Leidiane Rivolli, embora não envolvida, sabia das ações do grupo, deixa claro o Ministério Público, que cita outra situação em que ela aparece. O filho do prefeito, “Ninho” percebeu que um veículo o seguia e anotou as placas. Leidiane então entra em contato com uma amiga, que possivelmente trabalha no Detran local e tenta descobrir o proprietário. Não consegue. Dias depois “Ninho” manda o capitão Áureo, que comandava a Assessoria Militar e o policial Dias a Porto Velho para investigarem mais a fundo. Mesmo com todo sigilo imposto pelo Detran, Dias descobre que o carro era do Caex do Ministério Público. Eles então passam a tomar mais cuidado, não total. Em um telefonema a um amigo, “Ninho” diz que os “caras” estão de olho dele. Revela que formatou seu “Iphone” e até os dados que estão nas nuvens (armazenados) também já deletou.

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